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O Diabetes Mellitus (DM) é caracterizado pela elevação da glicose no sangue. Os tipos mais comuns são: DM tipo 1 (DM1) e DM tipo 2 (DM2). O DM1 é mais comum em crianças e adolescentes, sendo considerada como diabetes infantil. O DM2 ocorre mais frequentemente em adultos, porém a DM2 tem crescido de forma preocupante entre crianças e adolescentes.
O DM1 é uma doença crônica e autoimune na qual ocorre o processo de destruição das células beta pancreáticas (produtoras da insulina), levando à deficiência total ou parcial da insulina. Na fisiopatologia o DM1 estão envolvidos fatores genéticos e ambientais. Quanto aos fatores genéticos, trata-se de uma condição poligênica, visto que os principais genes estão no sistema do antígeno leucocitário humano (HLA) classe II. Em relação aos fatores ambientais, se a pessoa é predisposta geneticamente à patologia, as infecções virais e fatores nutricionais contribuem para o desenvolvimento do DM1.
O DM2 é uma doença crônica que afeta a forma como o corpo metaboliza a glicose. As pessoas com DM2 produzem insulina, porém o corpo pode criar uma resistência a sua ação, ou pode ocorrer devido à produção insuficiente para o organismo. É mais prevalente em adultos, porém crianças e adolescentes estão sendo diagnosticados com essa patologia devido ao importante papel que a obesidade possui em sua fisiopatogênese.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), na década de 90, uma em cada 15 mil crianças tinham a doença, já em 2015 essa proporção mudou para uma a cada 8 mil e a taxa de crescimento é de 3% ao ano. As crianças são mais propensas a ter cetoacidose (quando os níveis de açúcar no sangue estão muito altos – e que abordaremos em uma postagem exclusiva), podendo causar coma ou morte.
Sobre o diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito com os mesmos critérios de outras faixas etárias, aceitos pela OMS. Exame laboratorial para análise da glicemia e presença ou ausência de sintomas. O exame de hemoglobina glicosilada deve ser feito a cada 3-4 meses (Figura 1).

Figura 1. Tabela de controle glicêmico.
Sobre os sintomas
Os sintomas mais comuns são:
- Polifagia.
- Poliúria.
- Polidipsia.
- Perda de peso.
- Oscilação na glicemia.
Sobre o tratamento
A principal forma de tratamento é a administração da insulina para prevenção de descompensações/complicações agudas. Para o controle glicêmico, é importante que seja verificada a glicemia capilar e o dosagem da hemoglobina glicada (HbA1c) em todas as faixas etárias. Vale ressaltar a importância do acompanhamento ao tratamento desde o início do diagnóstico.
O controle na alimentação auxilia no controle glicêmico, não comprometendo o crescimento necessário de toda criança, considerando que a alimentação saudável e balanceada e a atividade física também ajudam no controle do peso, assim não havendo uma possível obesidade.
Atuação da Enfermagem
A enfermagem tem o papel fundamental no manejo desses pacientes, pois o enfermeiro é essencialmente um educador. Orientar a família sobre a doença, tratamento, prevenção e esclarecer dúvidas durante todo o processo é a base da sua intervenção.
A consulta de enfermagem:
- Exame físico completo.
- Avaliação do local da aplicação da insulina.
- Avaliação da saúde dentária.
- Avaliação do crescimento da criança.
- Investigação de alterações visuais.
- Frequências cardíaca e respiratória.
- Ausculta pulmonar.
Histórico de Enfermagem:
- Identificação da pessoa – dados socioeconômicos, moradia, escolaridade, lazer.
- Antecedentes familiares e pessoais – diabetes, hipertensão, doença renal, doença cardíaca e diabetes gestacional.
- Identificação dos fatores de risco.
- Hábitos alimentares.
- Medicamentos utilizados.
Resultados de Enfermagem:
- Melhora da qualidade de vida.
- Alívio dos sintomas.
- Prevenção de complicações.
- Redução da mortalidade.
Cuidados de enfermagem:
- Orientar sobre a alimentação saudável.
- Orientar sobre os benefícios da atividade física.
- Orientar sobre a técnica de aplicação da insulina e sobre o rodízio de sítio de aplicação para prevenção de lipodistrofia.
Existe o Comitê de Prática Profissional (PPC) da American Diabetes Assicuation (ADA), que é responsável pelo Padrões de Assistência Médica em Diabetes é citado como Padrões de Cuidados. O PPC é um centro multidisciplinar de médicos, educadores em diabetes entre outros incluindo epidemiologia, endocrinologia de adultos e crianças, saúde pública, hipertensão, pesquisa lipídica e cuidados durante a gravidez. É considerado referência em clínica prática e pesquisa, mas o principal objetivo é rever e atualizar os Padrões de Cuidados.
O diabetes infantil é uma grande preocupação mundial que requer cuidados contínuos, desde o início do diagnóstico com orientações, tratamento, cuidados por parte da criança e principalmente da família no intuito de prevenir consequências graves como a cetoacidose. O controle glicêmico é primordial por meio da administração da insulina, alimentação balanceada e acompanhamento médico. É importante frisar que o acompanhamento multiprofissional com enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos são de extrema relevância para obtenção de melhores desfechos do paciente.
REFERÊNCIAS
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